sábado, julho 21, 2007

Site Tela Brasilis

A Associação Cultural Tela Brasilis tem um novo site. Para informações e notícias sobre nossas atividades, entre em www.telabrasilis.org.br.

quinta-feira, março 01, 2007

Sessão de Fevereiro :: Alameda da Saudade, 113 :: Tela Brasilis :: Quinta 01/03 :: 18h30

Recomendamos a mostra "Olhares neo-realistas" que começa hoje na Cinemateca do MAM (Rio de Janeiro), com a exibição de Alameda da Saudade, 113 (1951, direção de Carlos Ortiz), no Cineclube Tela Brasilis. Esta é a última exibição desta cópia, que foi feita para o lançamento do filme, na década de 1950.

Diversos filmes da mostra também são raríssimos e vêm de cinematecas italianas, sendo essas suas últimas exibições no Brasil (com legendagem eletrônica em português). Destaque especial para O Posto e O Sol ainda se levantará, recém-restaurados.

A programação completa da mostra segue abaixo. O texto da sessão do Tela Brasilis segue ao final do e-mail.

abraços,
Cineclube Tela Brasilis


Cinemateca do MAM
Av. Infante D. Henrique, 85, Praia do Flamengo - Rio de Janeiro
Entrada Franca

Mostra Olhares neo-realistas
(21) 2221-8062 / 9376-9682
mostraneorealismo@gmail.com




OLHARES NEO-REALISTAS

O neo-realismo é um dos mais importantes movimentos da história do cinema, surgido na Itália, no final da segunda grande guerra, influenciou outros gêneros e cinematografias como a nouvelle vague francesa, o free cinema inglês e o cinema novo brasileiro. Preocupado em mostrar a realidade do povo, aboliu o uso de estúdios e passou a usar locações e muitas vezes atores não profissionais, contrapondo-se aos filmes escapistas realizados durante o regime fascista.

A retrospectiva, com algumas obras seminais do movimento, é parte da mostra apresentada no Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília e São Paulo, constituindo uma ótima oportunidade ao público carioca para ver ou rever filmes filiados ao neo-realismo.


qui 01
18h30 – Tela Brasilis – Alameda da Saudade 113, de Carlos Ortiz, 1951.
O Tela Brasilis faz a sua contribuição à mostra Olhares neo-realistas apresentando um raríssimo filme do que ficou conhecido como o cinema independente dos anos 50, realizando na mesma época das grandes produções da Vera Cruz e antecedente vital do Cinema Novo. O filme trata-se de uma história de amor entre os dois protagonistas, Inês e Raul, que não respeita as fronteiras entre a vida e a morte.

sex 02
18h30 – Olhares neo-realistas – Ladrões de bicicleta (Ladri di Biciclette) de Vittorio De Sica. Itália, 1948. Com Enzo Stajola, Lamberto Maggiorani, Lianella Carell. 92. Cópia em DVD.
Obra-prima do neo-realismo. Desempregado tem sua bicicleta roubada no primeiro dia de trabalho. Sem ela, perderá o emprego.

sab 03
16h – Olhares neo-realistas – O Posto (Il Posto) de Ermanno Olmi. Itália, 1961. Com Loredana Detto, Tullio Kezich, Sandro Panseri. Versão original . 90’. Cópia restaurada pela Cinemateca de Bolonha. Legendas eletrônicas em português.
Jovem morador de bairro pobre de Milão sai à procura de primeiro emprego.

18h – Olhares neo-realistas – O Sol ainda se levantará (Il sole sorge ancora) de Aldo Vergano. Itália, 1946. Com Principal Elli Parvo, Lea Padovani, Vittorio Duse. Versão original. 90’. Cópia restaurada pela Cinemateca de Bolonha. Legendas eletrônicas em português.
Conflitos entre italianos e alemães em um povoado no norte do país, em 1943, tratado sob o ponto de vista marxista. Primeiro filme a investigar a composição classista da Itália ocupada.

dom 04
16h – Olhares neo-realistas – Noites de Cabíria (Le Notti di Cabiria) de Federico Fellini. Itália, 1957. Com Giulietta Masina, François Perrier, Amedeo Nazzari. Legendas em português. 110’.
A vida e os sonhos de Cabíria, prostituta romana que é obrigada a viver na marginalidade. Oscar de melhor filme estrangeiro.

18h – Olhares neo-realistas – Morte de um ciclista (Muerte de un ciclista) de Juan Antonio Bardem. Espanha/Itália, 1955. Lucía Bosé, Alberto Closas, Bruna Corrá. Versão original. 88’. Legendas eletrônicas em português.
A conscientização de um professor universitário adúltero com o advento de uma nova geração, depois da Guerra Civil. Um dos maiores sucessos do cinema espanhol no exterior.

sex 09
18h30 – Olhares neo-realistas – A Batalha de Argel (La Battaglia del Algeri) de Gillo Pontecorvo. Itália/Argélia, 1966. Com Brahim Hadjadj, Jean Martin, Yacef Saadi. Legendas em português. 121’.
A luta dos argelinos pela independência. Leão de Ouro no Festival de Veneza.

sab 10
16h – Olhares neo-realistas – Aniki Bobó de Manoel de Oliveira. Portugal, 1942. Com Américo Botelho, Feliciano David, Manuel de Azevedo. 70’.
O título se refere a uma brincadeira de criança num bairro modesto da cidade do Porto, nesta crônica prenunciadora do neo-realismo.

18h – Olhares neo-realistas – O Teto (Il Tetto) de Vittorio de Sica. Itália, 1956. Com Giorgio Listuzzi, Gabriella Pallotta, Angelo Bigioni. Legendas em português. 91’.
No pós-guerra italiano, um jovem casal decide construir uma casa num terreno baldio da prefeitura. Para não serem expulsos, terão de erguê-la numa única noite e instalar o teto antes que amanheça.

dom 11
16h – Olhares neo-realistas – Mamma Roma (Mamma Roma) de Pier Paolo Pasolini. Itália, 1962. Com Anna Magnani, Ettore Garofofo, Franco Citti. Legendas em português. 106’.
Mulher de meia idade abandona a prostituição para vender frutas e cuidar de seu filho adolescente. Sonha para ele uma boa posição na vida, mas o rapaz está envolvido com a delinqüência juvenil.

18h – Olhares neo-realistas – O Verdugo (El Verdugo) de Luis Garcia Berlanga. Espanha/Itália, 1963. Com Nino Manfredi, Emma Penella, José Isbert. Versão original sem legendas. 87’.
O empregado de um serviço fúnebre se envolve com a filha de um verdugo. Uma das obras-primas do cinema espanhol em geral e de Berlanga em particular.


ALAMEDA DA SAUDADE 113
por Rafael de Luna


Não foi como diretor de dois longas-metragens que Carlos Ortiz entrou para a história do cinema brasileiro. Isso se deveu, provavelmente, não por uma importância menor de seu lado cineasta, e sim pelo destaque que teve sua atuação fora dos sets de filmagem.

Ao longo dos anos 1950 Ortiz colaborou na revista Fundamentos – ligada ao Partido Comunista Brasileiro –, teve participações fundamental no I Congresso Paulista do Cinema Brasileiro e no I Congresso Nacional do Cinema Brasileiro, ambos em 1952, e escreveu livros como pioneiros manuais de cinema (como Argumento cinematográfico e sua técnica, 1949) e precursores de uma história do cinema brasileiro (Romance do gato preto, 1952). Além disso, foi professor e crítico de cinema durante muitos anos. Sua produção na imprensa já foi pesquisada por Carlos Berriel no livro Carlos Ortiz e o cinema brasileiro na década de 50 (1981), onde fica claro seu papel fundamental, por exemplo, num debate de viés econômico sobre o cinema brasileiro.

Entretanto, os dois filmes dirigidos por Carlos Ortiz – Alameda da Saudade 113 (1951) e Luzes nas sombras (1953) – jamais despertaram o mesmo interesse. Nesta segunda sessão de 2007 do cineclube Tela Brasilis, tentaremos contornar um pouco esse equívoco exibindo o primeiro filme de Carlos Ortiz como nossa colaboração para a mostra “Olhares Neo-realistas” a ser exibida na Cinemateca do MAM em março.

Pode-se talvez creditar o desinteresse por Alameda da Saudade 113 pelo fato de que o filme, diferentemente de Rio 40 graus, por exemplo, não tenha representado uma concretização tão clara – e brilhante – dos anseios daqueles que desejavam aquilo que ficou conhecido como “cinema independente dos anos 50”. Apesar de contraditórias, como já apontou Maria Rita Galvão, essas idéias vinham sendo desenvolvidas ainda durante a voga do ideal de cinema da Vera Cruz, e pregava, grosso modo, um cinema realista, de qualidade técnica e “seriedade” na abordagem (diferentemente das “grossuras mal-feitas” das chanchadas), realizado fora dos estúdios e com temática nacional. É uma questão interessante pensar como Alameda da Saudade 113 se encaixa num momento inicial de gestação desses anseios, compartilhados pelo seu próprio diretor e argumentista.

O filme se inicia num cemitério na cidade de Santos, para onde ele retornará em seu final. Um forasteiro se aproxima de um coveiro e este começa a lhe contar a trágica e conhecida história de amor de Inês (Sônia Coelho) e Rui (Rubens de Queiroz), dando início ao flashback que ocupará praticamente todo o filme. Resumidamente, Rui conhece uma bela moça num baile de carnaval e se apaixona perdidamente. O casal desfruta do arrebatador romance nos dias seguintes, mas Rui percebe que algo atormenta sua amada Inês – ela nunca permite que ele o deixe em casa e a visão de qualquer criança lhe provoca tormentos. Quando finalmente Inês concorda que ele vá em sua casa (no dia de seu aniversário), Rui encontra-se com Olga, mãe de sua namorada, que lhe diz que Inês, uma sensível poetisa, morreu dez anos antes. Inconformado, Rui se junta ao seu amor no além, diante de seu sepulcro cujo endereço é justamente o título do filme.

É uma grande curiosidade o filme enveredar por um tema metafísico – o amor além da morte – com uma seriedade incomum no cinema brasileiro (o tema tem servido principalmente a comédias, do Oscarito de Fantasma por acaso, ao Renato Aragão de Simão, o fantasma trapalhão). Trata-se de uma gênero – ou “sub-gênero” – que é geralmente associado exclusivamente ao cinema americano e que no Brasil só costuma ser tratado em tom de paródia e “defeitos especiais”. Podemos sugerir descompromissadamente que o filme de Ortiz é um parente distante de filmes de amor hollywoodianos que atravessam a barreira do tempo (Em algum lugar do passado) ou não respeitam os limites da vida e da morte (Ghost e Sexto Sentido).

Como uma espécie de melodrama espírita, Alameda da saudade 113 jamais, em momento algum, desvia de seu tom de extrema seriedade ou abre concessões para o humor, diferentemente de diversos outros exemplares mais conhecidos do chamado cinema independente, como Rio 40 graus, Agulha no palheiro ou O grande momento. Nesse sentido, devido a certa morbidez e tristeza latente, o filme de Ortiz se aproxima de um melodrama da Vera Cruz como o belo Floradas na serra, por exemplo.

Por outro lado, será que se pautando por questões universais – vida, morte, amor -, Alameda da saudade 113 se afasta dos temas genuinamente nacionais e, sobretudo, populares? Se num primeiro momento das discussões que permearam os anos 1950, a preocupação se dava menos com a forma e sobretudo com conteúdos e histórias nacionais, vale ressaltar que o filme se inspirou, como anunciam os letreiros iniciais, numa famosa história da cidade de Santos – um folclore moderno ou uma lenda urbana, pode-se dizer. Nos créditos há, inclusive, um agradecimento ao “povo santista” e ao “homem de rua”. Entretanto, dentro da diegese, onde está esse homem de rua?

Na verdade, percebe-se que os personagens e cenários principais do filme pertencem ao que há de mais belo na sociedade santista. Rui e Inês são jovens, brancos e belos (cujos perfis fotogênicos são explorados pela fotografia), que freqüentam bons restaurantes e saraus de poesia. Da cidade de Santos, se destaca a orla moderna e urbanizada (num retrato parecido com o que o cinema carioca geralmente fazia de Copacabana), enquanto numa visita à São Paulo, os personagens percorrem um belo parque. É nessa visita que se dá um momento interessante, quando Rui e Inês se vêem diante de um pregador religioso cercado por populares numa praça pública (lembrando uma cena de A falecida). A câmera se detém, demorada e repetidamente, nas faces daquelas pessoas, num misto de fascínio e interesse. Entretanto, como se nota no próprio enquadramento, o casal de protagonista está no meio da roda e aquelas pessoas não fazem mais do que compor um cenário.

Esses inserts dos populares se assemelham a outros de paisagens da praia, do mar ou de barcos, que podem ser associados a uma estética antropológica-jornalística de cinejornais. A bela e acadêmica fotografia de Alameda da Saudade 113, a cargo do ucraniano George Tamarski, se destaca pelo equilíbrio da composição fotográfica de luzes e sombras. Chama a atenção, nesse sentido, a grande quantidade de cenas externas (praia, parque, cemitério), fotografadas com notável controle da luminosidade. Não espanta o nome da produtora de cinejornais Divulgação Cinematográfica Bandeirante nos créditos do filme.

Por fim, outro elemento presente é uma reiteração através de simbolismos visuais que parecem remeter a uma tradição narrativa do cinema mudo (de permanência, por exemplo, nos filmes sonoros de Adhemar Gonzaga ou Humberto Mauro), ilustrando, por exemplo, a circularidade e a duplicidade da vida (nascimento e morte) através do reflexo na mesa e no lago, ou das figuras circulares e duplas na bóia na praia ou na pista de dança e nas mesas vazias do clube. Além disso, ao longo da narrativa surgem inúmeras "pistas" para o mistério do filme, através da constante repetição de frases que apontam para a particularidade do encontro do casal (o baile no “clube dos finados e refinados”, onde “até a morte vem dançar”) e do romance (a mensagem sorteada do realejo: “achaste seu novo amor, fiel e forte como a morte”).

Por todos os motivos, além de uma raridade do cinema brasileiro, Alameda da Saudade 113 é definitivamente um filme curioso e que em seus melhores momentos consegue alcançar a melancolia de um amor impossível.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Sessão de Janeiro :: Quem matou anabela? :: Tela Brasilis :: Quinta 25/01 :: 18h30

Quem Matou Anabela? (longa, 1956), direção de D. A. Hamza, fotografia de Rodolfo Icsey

Dentro do Circuito Ascine-RJ da mostra "Luz em Movimento - A Fotografia no Cinema Brasileiro", o Cineclube Tela Brasilis exibe uma raridade: o primeiro filme fotografado no Brasil por Rodolfo Icsey.

Rudolf (como se chamava em sua terra natal) veio da Hungria junto com Didier Hamza, a convite de Mário Audrá, para compor os quadros da Maristela. Ao contrário de Hamza, Icsey se radicou no Brasil e desenvolveu uma vasta carreira, tendo destaque sua parceria com Walter Hugo Khouri (que declarou que Icsey trabalhava sua luz de forma expressionista, como se fosse pintura) e Amácio Mazzaropi.

A bela e misteriosa Anabela (Ana Esmeralda) é encontrada morta, afogada numa represa. Reunidos na pensão onde a vítima morava, o comissário Ramos (Procópio Ferreira) irá interrogar cada um dos suspeitos até descobrir o verdadeiro assassino.

Realizado nos estúdios da produtora paulista Maristela em 1956, trata-se de jóia rara do cinema brasileiro: uma deliciosa mistura de Agatha Christie e chanchada! Enquanto se seguem flashbacks que mostram as diversas versões para o crime, vai se contando uma história de mistério com pitadas de humor negro.

Único filme dirigido no Brasil pelo húngaro Didier Hamza, o grande destaque é o fenomenal elenco, que conta com Carlos Zara, Nydia Licia e Ruth de Souza em início de carreira. Trata-se também do único encontro cinematográfico de duas lendas do teatro brasileiro: Procópio Ferreira, roubando todas as cenas, e Jaime Costa, numa pequena participação.

Uma última observação: a estrela do filme, a dançarina espanhola Ana Esmeralda, namorava o produtor e dono da Maristela Mário Audrá Júnior, e se casaram pouco tempo depois da realização de Quem Matou Anabela?


Sessão de Janeiro - Integrada ao Circuito Ascine-RJ / Mostra Luz em Movimento
Informações sobre a mostra em www.cinestesia.com.br/luzemmovimento


Quinta-feira - 25/01
18h30 - projeção do filme seguida de bate-papo
Cinemateca do MAM
Av. Infante D. Henrique, 85, Praia do Flamengo - Rio de Janeiro
ENTRADA FRANCA


O Cineclube Tela Brasilis faz parte da Associação de Cineclubes do Rio de Janeiro (ASCINE-RJ) e do Conselho Nacional dos Cineclubes Brasileiros (CNC).


Comunidade: www.orkut.com/Community.aspx?cmm=1807860
Blog: www.telabrasilis.blogspot.com
Fotolog: www.fotolog.net/telabrasilis

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Sessão de Dezembro :: Viva São João! :: Tela Brasilis :: Quinta 14/12 :: 18h30


Apesar do clima natalino, o Cineclube Tela Brasilis programou o documentário Viva São João!, de Andrucha Waddington, para sua última sessão de 2006. O filme percorre as festas juninas do Nordeste do Brasil, tendo como condutor o músico e atual Ministro da Cultura Gilberto Gil.

Em sintonia com a mostra e o curso História do Documentário Brasileiro iniciado em outubro deste ano e após exibir, em novembro, Peões, um filme da Videofilmes - produtora reconhecida pelos documentários de Eduardo Coutinho e João Moreira Salles -, nesta sessão de dezembro o Tela Brasilis mostra o lado documental da Conspiração Filmes, consagrada por ficções como as do próprio Andrucha (Gêmeas, Eu, Tu, Eles, Casa de Areia) e o mega-sucesso Dois Filhos de Francisco.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Sessão de Novembro :: Cabra Marcado Para Morrer :: Tela Brasilis :: Quinta 30/11 :: 18h30




Cabra marcado para morrer (longa, 1984), de Eduardo Coutinho
Um filme de Marcos Medeiros (curta, 1999), de Ricardo Elias
+ bate-papo com nova geração de documentaristas

Cabra Marcado para Morrer é o documentário brasileiro mais citado nas diversas listas dos melhores filmes da História do Cinema Brasileiro. Realizado por Eduardo Coutinho em 1984, este "metadocumentário" representou, no momento dos extertores da ditadura, o resgate do filme interrompido pelo golpe de 1964 e de seus personagens, notadamente Elizabeth Teixeira, viúva do líder camponês João Pedro.

Em 2006, mais de vinte anos depois da "retomada da história" proposta por Cabra Marcado para Morrer, o que a obra-prima do ainda hoje mais influente documentarista brasileiro representa para as novas gerações de realizadores?

Para debater a influência do clássico de Eduardo Coutinho, o cineclube Tela Brasilis convida quatro jovens cineastas da nova geração de documentaristas cariocas que dirigiram recentemente seus primeiros longas-metragens: Simplício Neto ("Onde a Coruja Dorme"), Denise Garcia ("Sou Feia Mas Tô na Moda"), Anna Azevedo ("Rio de Jano") e Cristiana Grumbach ("Morro da Conceição").

Como complemento à sessão será exibido o curta-metragem Um Filme de Marcos Medeiros (1999, dir. Ricardo Elias) - melhor documentário no Festival de Brasília e prêmio especial do júri no Festival de Gramado - sobre um dos principais líderes estudantis dos anos 1960.


Sessão de Novembro

Quinta-feira - 30/11
18h30 - projeção dos filmes seguida de bate-papo

Cinemateca do MAM
Av. Infante D. Henrique, 85, Praia do Flamengo - Rio de Janeiro

ENTRADA FRANCA

terça-feira, outubro 31, 2006

Sessão de Outubro :: Tela Brasilis :: Muda Brasil :: QUARTA 01/11 :: 18h30

ATENÇÃO :: SESSÃO ESPECIAL NA QUARTA-FEIRA!!

Quarta-feira, 1 de novembro de 2006 :: 18h30
Cinemateca do MAM (Rio de Janeiro)

Muda Brasil (longa, 1985), de Oswaldo Caldeira
Brasília segundo Feldman (curta, 1979), de Vladimir Carvalho

O período de eleições é sempre propício a uma reflexão sobre nossa história. As eleições de 2006, disputadas em dois turnos e cercada de exaustivos debates, representou, mais uma vez, a consolidação do processo democrático. A reeleição do presidente Lula por mais 60% dos votos foi fruto, inequivocadamente, da vontade da maioria - algo que num passado não tão distante era apenas um sonho da população brasileira.

Vinte anos atrás, o Brasil vivia a euforia de ver esse sonho tornar-se realidade. O documentário Muda Brasil (1985), de Oswaldo Caldeira, registra justamente esse momento, a transição da ditadura para o regime civil. Durante seis meses cruciais (de agosto de 1984 a janeiro de 1985), Caldeira registra os acontecimentos decisivos da vida política brasileira, a mobilização nacional pelas "Diretas Já", a campanha presidencial de Tancredo Neves e Paulo Maluf, e o resultado do Colégio Eleitoral. Há depoimentos dos dois candidatos e de diversos outros políticos importantes, como Antônio Carlos Magalhães, Fernando Henrique Cardoso, Leonel Brizola, Ulysses Guimarães, Luís Carlos Prestes, etc.

Complementando a sessão, exibiremos o curta-metragem Brasília segundo Feldman (1979), de Vladimir Carvalho. O curta utiliza imagens realizadas por Eugene Feldman no último ano da construção de Brasília. Ao contrário da maioria dos outros cinegrafistas, ele se interessou mais nos trabalhadores da construção - os candangos - do que na imponência da arquitetura da cidade ou na presença dos políticos. Tem especial destaque o massacre de operários em um acampamento. O curta de Vladimir apresenta mais um importante momento de nossa história, também a ser colocado em perspectiva com relação ao momento atual - e aponta que distopia e utopia já andam juntas na vida política brasileira há muito tempo.

Como sempre, a sessão será seguida de um bate-papo informal. Convidados ainda não confirmados.


Sessão de Outubro (em novembro...)

Quarta-feira - 01/11
18h30 - projeção dos filmes seguida de bate-papo

Cinemateca do MAM
Av. Infante D. Henrique, 85, Praia do Flamengo - Rio de Janeiro

ENTRADA FRANCA

segunda-feira, setembro 18, 2006

Curso e Mostra HISTÓRIA DO DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO

O Cineclube Tela Brasilis dará início em outubro a uma maratona na Cinemateca do MAM com a realização da mostra e do curso HISTÓRIA DO DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO, proporcionando uma visão panorâmica e inédita sobre a produção deste gênero cinematográfico no Brasil.

O curso HISTÓRIA DO DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO será realizado todos os sábados, de 9 às 13h00, de 14 de outubro a 9 de dezembro de 2006. Serão 9 aulas semanais ministradas por professores, pesquisadores e cineastas sobre períodos significativos da história do gênero documentário.

As aulas serão expositivas (ver programa abaixo), com exibições de filmes raros em película. O curso completo tem o valor de R$ 150,00 (taxa única) e os alunos que freqüentarem 75 % das aulas receberão certificado.

As poucas vagas restantes para o curso HISTÓRIA DO DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO ainda pode ser preenchidas via internet, através do e-mail telabrasilis@cinestesia.com.br

O público mais amplo pode acompanhar integralmente esse trajeto através da mostra HISTÓRIA DO DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO, que, paralelamente ao curso, exibirá filmes raros e clássicos que datam de 1910 à 2004, em sessões gratuitas aos sábados e domingos, às 16hs, também na Cinemateca do MAM.

O curso e a mostra HISTÓRIA DO DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO são eventos organizados pelo Cineclube Tela Brasilis em parceira com a Cinemateca do MAM, que conta com o apoio do Arquivo Nacional, Cinemateca Brasileira e CTAv.

O Cineclube Tela Brasilis destinará ainda bolsas do curso para 15 alunos de Escolas Populares de Audiovisual, como Observatório de Favelas, Nós do Morro, Nós do Cinema, as Oficinas Cinemaneiro e outras instituições parceiras.

Programa Completo (Aulas + Mostra):
A programação de filmes está sujeita a mudanças sem aviso prévio.

14/10 – Aula 01 – Documentário nos primórdios do cinema brasileiro: os “naturais”.
Professor: Hernani Heffner, professor da PUC-Rio, pesquisador da Cinédia e conservador da Cinemateca do MAM.
Ementa: Os primórdios do documentário no Brasil são em grande parte desconhecidos. A definição de certos assuntos ou situações, como os desfiles militares, os cortejos fúnebres e os cordões carnavalescos, parecem definir um tom oficial que não encontra desdobramentos nas estratégias de composição das obras. O curso tentará verificar em que medida “forma” e “conteúdo” se aproximam ou se afastam e se esta tensão define um modo particular de discurso.
Programa de filmes:
Despedida do 19º batalhão de caçadores (Empresa Paschoal Segreto, 1910);
A inauguração do Stadium do Savóia (Armando Pamplona, 1916 / 1924);
O luto pelo Barão do Rio Branco (Paulino Botelho, 1912);
O que foi o carnaval de 1920? (Alberto Botelho, 1920);
A visita do General Purshing (Alberto Botelho, 1925).

14/10 – 16hs – Sessão extra na Cinemateca do MAM
Cidade de Bebedouros (Antonio Campos, 1912);
Santa Maria Atualidades (Francisco Santos, 1913);
Voyage de nous souverains au Brésil (Service de Photographie et Cinématographie de l’Armée, Bélgica, 1920);
[Sobras de] As visitas dos Reis Belgas ao Brasil (Igino Bonfioli, 1920).

15/10 – 16hs – Sessão extra na Cinemateca do MAM
Reprise do programa de filmes da aula

21/10 – Aula 02 – Cinema silencioso: Silvino Santos e Major Thomas Reis.
Professor: Sílvio Da-Rin, técnico de som, documentarista e pesquisador. Autor do livro “Espelho partido: Tradição e transformação do documentário”.
Ementa: Durante a segunda e terceira décadas do século XX, antes que o termo “documentário" começasse a circular, os filmes "naturais" eram majoritários e formavam a base econômica da produção cinematográfica brasileira. Naquele período, dois cineastas que trabalharam fora dos grandes centros criaram obras singulares: Silvino Santos, na Amazônia; e o Major Thomaz Reis, no Brasil Central.
Programa de filmes:
Rituais e festas bororo (Major Luiz Thomaz Reis, 1917);
No paiz das amazonas (Silvino Santos, 1921).

21/10 – 16hs – Sessão extra na Cinemateca do MAM
Terra encantada (Silvino Santos, 1923).

22/10 – 16hs – Sessão extra na Cinemateca do MAM
Reprise do programa de filmes da aula

28/10 – Aula 03 – Humberto Mauro e o INCE.
Professor: Fabián Nuñez, pesquisador e professor da UFF. Doutorando em cinema na mesma universidade e autor da dissertação de mestrado intitulada “Humberto Mauro: um olhar brasileiro”.
Ementa: A discussão da reforma educacional no Brasil e o papel do cinema na missão pedagógica do Estado. A criação do Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE). O cinema do INCE: entre o didático, o científico e o estético. Humberto Mauro e as várias fases do INCE. O documentário como fruição estética e propagador de conhecimento. Quem é Humberto Mauro para o Cinema Novo?
Programa de filmes:
Bandeirantes (Humberto Mauro, 1940);
Um apólogo – Machado de Assis (Humberto Mauro, 1939);
O despertar da Redentora (Humberto Mauro, 1942);
Lagoa Santa – Minas Gerais (Humberto Mauro, 1940);
Engenhos e usinas (Humberto Mauro, 1955).

28/10 – 16hs – Sessão extra na Cinemateca do MAM
O descobrimento do Brasil (Humberto Mauro, 1937);
Vitória Régia (Humberto Mauro, 1937).

29/10 – 16hs – Sessão extra na Cinemateca do MAM
Reprise do programa de filmes da aula

04/11 – Aula 04 – Rituais do poder: documento, memória e história.
Professor: Eduardo Morettin, historiador e professor da ECA-USP, empreende pesquisas sobre a relação entre o Estado e o cinema no Brasil.
Ementa: A produção de cinejornais: panorama histórico. Antecedentes: Rossi Atualidades. Estado e cinema brasileiro na década de 30. O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e a produção de cinejornais. Documentários institucionais nos anos 60: Jean Manzon e o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPÊS)
Programa de filmes:
Seleção de filmes e cinejornais da Rossi Filme; Cine Jornal Brasileiro, IPÊS e Agência Nacional.

04/11 – 16hs – Sessão extra na Cinemateca do MAM
Painel (Lima Barreto, 1950);
Santuário (Lima Barreto, 1950);
e programa de cinejornais.

05/11 – 16hs – Sessão extra na Cinemateca do MAM
Reprise de programa de filmes da aula

11/11 – Aula 05 – O documentário e o cinema novo.
Professor: Arthur Autran, pesquisador e professor da UFSCar. Autor do livro “Alex Viany: crítico e historiador”.
Ementa: A palestra abordará de forma panorâmica a produção de documentários do Cinema Novo entre 1959 e 1967, tratando de questões como: as principais opções estilísticas, as influências do Cinema Verdade, a representação do povo nos filmes, a criação de um discurso de viés crítico sobre a realidade brasileira e os posicionamentos ideológicos dos realizadores.
Programa de filmes:
Aruanda (Linduarte Noronha, 1960);
Maioria absoluta (Leon Hirszman, 1964);
Viramundo (Geraldo Sarno, 1965);
Memória do cangaço (Paulo Gil Soares, 1965).

11/11 – 16hs – Sessão extra na Cinemateca do MAM
Opinião pública (Arnaldo Jabor, 1967).

12/11 – 16hs – Sessão extra na Cinemateca do MAM
Reprise de programa de filmes da aula

18/11 – Aula 06 – Cinema e televisão.
Professor: Carlos Alberto Mattos, crítico de cinema de O Globo e autor dos livros “Eduardo Coutinho: O homem que caiu na real”, “Walter Lima Júnior: viver cinema”, entre outros.
Ementa: Com a desmobilização do Cinema Novo e a conjunção de outros fatores ligados à televisão e ao estabelecimento da idéia de patrocínio ao audiovisual no Brasil, diversos cineastas foram absorvidos pelo documentarismo de TV nos anos 1970. Particularmente nos programas Globo Shell Especial, Globo Repórter e Hora da Notícia, da TV Cultura. Esse fenômeno resultou não apenas numa lufada de renovação da dieta televisiva, como no ensejo de experiências de linguagem bastante particulares no âmbito do documentário. O diálogo entre realidade e ficção tornou-se mais interessante e complexo, a prática do som direto difundiu-se, uma geração de documentaristas exercitou-se e acumulou experiência para suas futuras carreiras. Entre eles, Eduardo Coutinho, João Batista de Andrade e Maurice Capovilla.
Programa de filmes:
Globo Repórter: Teodorico, o Imperador do Sertão (Eduardo Coutinho, 1978);
Wilsinho Galiléia (João Batista de Andrade, 1978).

18/11 – 16hs – Sessão extra na Cinemateca do MAM
Globo Repórter: O Último Dia de Lampião (Maurice Capovilla, 1972);
Retrato de Classe (Gregório Bacic, 1977).

19/11 – 16hs – Sessão extra na Cinemateca do MAM
Reprise de programa de filmes da aula

25/11 – Aula 07 – Documentário de curta-metragem
Professor: João Luiz Vieira, pesquisador, ensaísta e professor da UFF. Autor do livro Câmera-faca: o cinema de Sérgio Bianchi, entre outros.
Ementa: Um panorama e balanço crítico de uma das vertentes do documentário de curta-metragem da década de 80 no Brasil: características de linguagem, temas e atualidade de um cinema voltado para os processos intertextuais e de reflexividade.
Programa de filmes:
Mato eles? (Sérgio Bianchi, 1982);
Ilha das Flores (Jorge Furtado, 1989);
Memória (Roberto Henkin, 1990);
Ma Che, Bambina (Cecílio Neto, 1986).

25/11 – 16hs – Sessão extra na Cinemateca do MAM
Esta não é a sua vida (Jorge Furtado, 1991);
Chapeleiros (Adrian Cooper, 1983);
Caramujo-Flor (Joel Pizzini, 1988);
O inspetor (Arthur Omar, 1988).

26/11 – 16hs – Sessão extra na Cinemateca do MAM
Reprise de programa de filmes da aula

30/11 – 18h30 – Sessão do Cineclube Tela Brasilis na Cinemateca do MAM
Cabra marcado para morrer (Eduardo Coutinho, 1984)

02/12 – Aula 08 – Panorama do documentário contemporâneo.
Professor: Mariana Baltar, doutoranda da UFF, com passagem pela New York University, onde desenvolve tese sobre o diálogo entre melodrama e documentário.
Ementa: Pensar as bases teóricas e as estratégias narrativas que sustentam a construção da instância do personagem no documentário. Procuraremos traçar também, através de exemplos da produção documentária contemporânea, considerações sobre o papel central que a figura do personagem parece ocupar. Procuraremos tangenciar aspectos do que poderíamos chamar de uma disseminação da consciência de ser personagem – ou a consciência da autofabulação como personagem e o que isto nos diz a respeito de uma reconfiguração da política das respresentações. Que implicações, estéticas e políticas, traz este aspecto como marca da produção contemporânea?
Programa de filme:
Peões (Eduardo Coutinho, 2002)

02/12 – 16hs – Sessão extra na Cinemateca do MAM
A pessoa é para o que nasce (Roberto Berliner, 2004)

03/12 – 16hs – Sessão extra na Cinemateca do MAM
Reprise do programa de filme da aula

09/12 – Aula de encerramento: Perspectivas do documentário brasileiro.
Professor: João Moreira Salles, documentarista e professor da PUC-Rio.